segunda-feira, 7 de junho de 2010

Geração Perdida - 27.04


Geração Perdida.

A princípio os leitores podem imaginar que esteja referindo-me aos jovens, que sempre foram a “geração perdida” . Eram em 1850, o foram em 1920, em 1960 e também são assim chamados hoje pelas pessoas mais avançadas em idade. Parece crônica a repetição desse chavão ao longo das épocas. Pois muito bem, eu hoje vou chamar de “Geração Perdida” a geração dos 50 anos de idade em diante. Já explico.

Interesses jovens

Se pudesse voltar atrás, teria estudado antropologia, ou algo do Gênero, pois muito me interessa a observação e estudo do comportamento humano ao longo das épocas. Tenho contato com pessoas de todas as faixas etárias, desde jovens até nonagenários. Em cada faixa etária procuro observar o comportamento, as aflições, as esperanças, os interesses, a forma como encaram o mundo. E eu, como desde o início acompanhei todos os passos da internet, farei aqui uma pequena análise do interesse das diversas faixas etárias em relação a essa ferramenta.

O uso

Apesar de serem os melhores (tecnicamente) usuários, observo que o interesse principal dos adolescentes e jovens adultos em relação à internet foca-se em coisas que eu diria totalmente supérfluas. Passam horas vendo fotos dos amigos no Orkut, mandando recadinhos  para eles, batendo papo furado, e no máximo assistindo clips de seus artistas preferidos. Sua relação com a internet dificilmente vai além do próprio umbigo e de seu círculo de amizades e seus gostos musicais. O que é uma lástima. Vão além somente quando lhes é solicitado um trabalho de escola, e mesmo assim a contragosto, normalmente copiando e colando o texto e o fazem em menos de 5 minutos.

Culto a si próprios

Nego o empréstimo de minha máquina fotográfica dezenas de vezes ao mês a amigos(as), que tencionam usá-la única e exclusivamente para tirar fotos de si mesmos de todos os ângulos possíveis. Vi um álbum de pessoa conhecida que têm mais de centena de  fotos seguidas do seu próprio rosto apenas, de frente, de perfil, de ladinho, nariz empinado, cabelo assim, cabelo assado e por aí vai...  Mas apesar de tudo, temos que dar um desconto, pois têm o futuro todo pela frente e esperamos que mudem o seu foco com o tempo e o amadurecimento. Então essa geração não está perdida ainda, simplesmente precisa se achar ou ser achada.

Adultos

Por critério próprio e convenção para fins desse artigo, classifico as pessoas entre 23 a 49 anos. Essa faixa etária utiliza a ferramenta focada no lado profissional, e vê na internet uma ferramenta de trabalho e no máximo como lazer quando tem tempo de procurar algo engraçado, ou curioso e repassa e recebe o que acha interessante aos amigos de sua lista de contatos. Já é um uso mais produtivo, melhor do que a faixa anterior, mas longe ainda do ideal.

Acima dos 50

Bem é essa a geração que chamo de perdida. Mas perdida por nós mais jovens. Quando alguém nessa faixa etária faz uso habitual da internet, o faz de uma maneira que considero a ideal. Interage em grupos existentes na internet por assuntos, participa de grupo de discussões, faz relatos de suas experiências e conhecimentos nesses grupos ou em Blogs pessoais. Procura pessoas com o mesmo interesse intelectual ou com afinidade de atividades ou Hobbyes. Enfim, procura aprender, trocar experiências, interagir, passar conhecimento.

Experiência

Sou fundador de um grupo de discussões na internet, onde participar e ler as mensagens dos meus colegas dá prazer. Somente a título de exemplo, transcrevo duas recebidas em minha caixa postal.  Do colega  Desembargador aposentado Norberto Ungaretti leio suas sábias intervenções, como por exemplo:

“Na história, como na vida, as versões podem mais que os fatos... Infelizmente.
A certidão do casamento de Anita Garibaldi com seu primeiro marido realmente diz que ela nasceu na cidade de São Paulo.
                           Mas como eu já disse, nunca vai se ter certeza do lugar onde Anita realmente nasceu e mesmo que se tenha esta certeza, nunca ela deíxará de ser lagunense, embora possa não ser...”


Pumpernickel
De Niels Deeke entre tantas deliciosas mensagens por exemplo cito essa:

“Durante muitos anos (1966-1991) adquiri, para a minha ora extinta Fábrica de Chocolate Saturno S/A, centeio em  grão e quebrados de uma empresa que, denominava-se TOKARSKI Irmãos, sediada em Itaiópolis- SC.
Enfim o centeio fornecido pelos Tokarski - por cerca de 25 anos  - foi a matéria prima para a fabricação de PUMPERNICKEL, quando até 1991 a Saturno foi a única produtora no país desta especial variedade de pão - comercializado enlatado. Exportei à Alemanha grande quantidade de caixas de Pumpernickel, principalmente à sede do governo da Alemanha Oriental. Então observe : o Centeio dos Tokarski serviu,  por muitos anos, de alimento aos alemães que reivindicam, com justa razão, como sendo sua a  pátria original do legítimo Pumpernickel.”

Inclusão Digital

Gostaria realmente de ver essa geração de 50 anos e mais, incluída digitalmente, até me prontifico a dar cursos gratuitos de internet para essa faixa etária, se alguém fornecer a infra-estrutura. Pois são eles que estão “perdidos” e excluídos dessa poderosa ferramenta chamada internet. E são eles que realmente tem o que dizer, o que registrar, o que nos mostrar. Não deixemos essa geração “perdida”. É essa geração que detém o melhor conteúdo e precisa ser resgatado e disponibilizado na grande rede mundial de computadores.

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