terça-feira, 30 de março de 2010

Entre Cruzeiros e Reais. Deus está no meio

Mina de Ouro

Definitivamente me convenci que montar uma igreja deve ser um alto negócio. Basta darmos uma volta nos bairros de nossa cidade. Existe mais igrejas do que padaria, mercadinho e escolas juntos. Qualquer agrupamento nos bairros que tenham pelo menos umas 100 casas com certeza terá perto delas uma salinha que serve como Igreja. Alguém aí acredita que se esse negócio não desse dinheiro, haveriam tantas igrejas por aí? Ou existe alguma alma pura, que acredita que tamanho número de igrejas e salas de oração por aí, são fruto de almas abnegadas que têm o único interesse e propósito de salvar nossas almas do inferno?


Excelente mercadoria


A fé é a melhor mercadoria para se negociar. Preço de Custo zero. Não precisa de transporte. Se propaga pelo ar. Não precisa ser contabilizada. Não paga imposto. Não tem custo de armazenamento. Não há risco de roubo. E através dela, alimenta-se a esperança de uma vida melhor , que na maioria das vezes nunca passará de apenas esperança, se o crédulo não ganhar na megasena ou não partir para se educar e se profissionalizar. Afinal ninguém aprende ser Torneiro Mecânico, bancário, ou comerciante estudando a árvore genealógica de Abrahão.

História pessoal

É impressionante o que ouvi de uma pessoa há dias atrás. Ela conhecia de cor os nomes dos descendentes de Abrahão até a sétima geração. Sabia o nome das cidades onde viveram, sabia o que fizeram e disseram. Poderia dizer que era um cidadão extremamente bem informado, por ser possuidor de tantos conhecimentos. Aí perguntei a ele Como era o nome de solteira de sua avó paterna ele não tinha idéia. O primeiro nome de sua bisavó. Ele riu de minha cara dizendo: -Aí você está querendo saber demais, eu não conheci, deve ter morrido bem antes de eu nascer. Aí compreendi a que nível chega a cegueira imposta pela religião nas pessoas. Sabem o nome do heptaneto de Abrahão, mas não sabem o nome de sua bisavó.


Religião High Tech


Interessado pelo assunto, dei uma vasculhada na internet. Pasmem senhores e senhoras. Há mais de 300 sites oferecendo cursos a distância de formação de pastores. Basta você ter um computador e estar conectado, pagar uma mensalidade e você está pronto para estudar para ser um pastor.

Cristão Vip

Mas o supra-sumo dessa minha pesquisa, foi quando me deparei com um tal de Apóstolo Valdemiro Santiago que tem um programa de televisão pregando a “palavra”. Propõe ele a criação de uma classe vip de cristãos. Para você poder elevar-se a essa categoria pomposa de Cristão de primeira Classe, conforme “inspiração” recebida por ele no ar, bastava além de devolver a Deus além dos 105 (dízimo) habituais, mais 20%, totalizando 30%. Ou seja o dízimo passa a ser “trízimo”. O raciocínio é bem cara de pau mesmo. Vejam só: O dízimo por já ser de Deus não lhe pertence mesmo, é de Deus e ponto, você apenas está devolvendo o que já é dele. Mas agora você passará a vai doar do “seu” 20%. Totalizando assim 30%. Nas palavras desse salafrário: “-Você vai dizer para o Senhor: Senhor meu Deus, 70% de tudo que o senhor me der é meu, você vai dizer, e 30% é da sua obra, do grande projeto. “

Lógica Genial

Ouvindo mais além, até que o espertalhão usa a lógica, vejam só se não usa, segundo as palavras dele: “- Os 30% representam a santíssima trindade, o pai o filho e o espírito santo”. Eu pergunto, como alguem não tinha pensado nisso antes? Afinal o filho também deve precisar comer, vestir-se e deve ter as suas necessidades. Só não entendi muito bem o por quê dos 10% para o Espírito Santo. Confesso que acho que terei de ler a Bíblia para compreender por quê o Espírito Santo precisa de 10% do que eu ganhe no mês. Alguém aí poderia me explicar?


Monte de Deus


Mais lógica aplicada adiante. O pastor pede que você escreva uma carta a ele, descrevendo seu projeto econômico para a vida nessa carta. De posse dessa carta e da promessa de que você passará a sustentar também o filho e o espírito santo, além de Deus, ele levará o saco das cartas recebidas para o Monte (não ficou claro que Monte seria esse), onde passará 3 noites jejuando, gemendo, clamando para que Deus realize todos os projetos descritos nas cartas.

Cruzeiro dos Sonhos

Agora, um dos sonhos de todo mundo seria fazer um cruzeiro pelos mares. Já imaginou?, você economizar dois anos, partir para um Cruzeiro na esperança de ganhar uns trocados no cassino, conhecer mulheres maravilhosas a bordo, experimentar drinques exóticos, e justamente naquela mesma viagem 70% do navio está lotado de pentecostais clientes da Record Viagens do Edir Macedo, olhando de cara feia para seu copo de whisky 12 anos?

segunda-feira, 22 de março de 2010

Coluna Jornal Evolução 27.03.2010

Depoimento:

A seguir transcrevo um depoimento que fizeram para o João numa página da internet. Deve ser uma namoradinha dele. Leiam com atenção. Confesso que eu demorei um pouco para entender o que ela estava querendo dizer.

"u q fla du juao.....um dos meu melhores amigos...e mt complicado viu mais vo tenta
esse viadinhu da ai e mttt genti boa....sempri me ajudanu nas horas q eu mais precisa....eli tb e um poquinhu istrressado neh juao mais nada q eu num possa aguentar....
eli adora me bate mais nunk consegue neh quejinhu.....hauhauhauuah
ow vei num vai imbora naum....vo fik cum saudades do c vei...mais vamo tenta mante ccontato neh juao....
e num vamos isqecer das festinha...e sempri quandu c vier pra ca me fla q ai agente combina d faz alguam coi sa vei
ow to aki pra fla q vc pod conta sempri vei....sempri mesmu...ate la im passos quandu vc precisa vo faz u maximo pra te ajuda vei....
ow q issu....vo senti mttttttt a sua falta mais faze u q neh....e a vida neh juao
ow te considero pra caralhu....vc sempri smepri mesmu vai ta nu meu coracaum como o grande juao....ou ate como quejinhu neh vei
hauhauhuahuha
flwss vei
abracos e q tudu de certo pra vc la im passsos juao....so qeru u melhor pra vc”


Miguxês

Bem, é mais ou menos assim que os adolescentes comunicam-se na internet. Há quem defenda que é uma nova linguagem, e que eles sabem diferenciar esse tipo de linguagem do português correto. Mas quando leio por exemplo: “Ontem fui paçear com minha mãe, foi bom dimais”, não há miguxês ou internetês que me convença que quem escreveu essa pérola sabia qual era a forma correta de escrever a palavra “passear”. Só para descontrair um pouco vou dar mais alguns exemplos que achei na internet:
"Oi, gato MIM A SEITA aí!" (tradução: Oi gato, me aceita aí)
“Tô cum saldadis di vc” (Estou com saudades de você)
“Bah, fikei endiguinada cum Eli, tá desenformado” (Fiquei indignada com ele, está desinformado”. Grifo meu: Desenformado eu ri muito, qual o tipo de fôrma em que o cidadão estava?

Atrapalhando

Outra pérola que vi esses dias foi a seguinte:
“Aulas d portugues atrapalham meu internetes!
Eu tava percebendo uma coisa! Nas aula de portugues agente tem q escrever tudo certinhu, bunitinhu! e ai eu chego em casa e vo fala com o pessoal no msn e acabo escrevendo em "portugues" O__O"
Algm mais tem problemas de tc depois de sair de uma aula de portugues??? “
Essa nem vou comentar

Erros aceitáveis.

É claro que todos aceitamos alguns erros, ainda mais com as freqüentes mudanças nas normas ortográficas. Eu mesmo, se algum revisor fizer um pente fino nessa coluna, achará inúmeros erros. Então há erros e erros. Dificilmente achamos hoje quem escreva perfeitamente, a língua portuguesa é riquíssima e também complexa, o que remete quase a inevitabilidade de um texto feito às pressas sem uma revisão mais apurada, incólume de erros.

Ponhá

Mas agora o que é inaceitável, é ouvir essa juventude cursando o segundo grau falando normalmente “ponhá”. Até admito, embora me cause espécie, ouvir uma pessoa mais idosa e simples, oriunda do interior, e que não teve oportunidade e acesso à educação soltar um “ponha” de vez em quando. Mas alunos do segundo grau? Para mim isso é inadmissível. Duvido que eles não soltem de vez em quando um “ponhá” na sala de aula. Momento em que o professor deveria imediatamente chamar a atenção. Mas o problema é bem mais sério quando ouço uma professora aqui em São Bento do Sul dirigindo-se a mim falando : “Vou ponhar as sacolas no porta-malas e já volto”.

Professores(as)


Todos reclamam da baixa qualidade de ensino nas escolas atualmente. Vejo que isso é um fato, espelhado no jeito do pessoal egresso dessas escolas escrever e falar. A profissão de professor infelizmente hoje está desvalorizada. Baixos salários por anos afastaram os mais competentes. Aluno q eu hoje tem uma escola ruim, será um professor ruim no futuro. O Senador Bernardo Cabral aprovou uma lei que institui um piso mínimo salarial para os professores de todo Brasil. Pergunto aos nobres professores de São Bento do Sul. Vocês estão recebendo esse piso mínimo do esado ou do município? A luta começa por vocês, e a questão salaria é um bom começo para elevarmos o nível do ensino para as futuras gerações.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Coluna Jornal Evolução 19.03

Perda do Patrimônio



Apesar de não serem tombadas, diversas casas antigas que davam um certo charme para São Bento do Sul, estão sendo demolidas nesse ano de 2010. Primeiro o casarão na frente do Posto Pérola, depois a casa do Ernesto Diener, e essa semana uma ao lado da Caixa Econômica. A

cidade vai aos poucos perdendo seu charme e ganhando horríveis construções tipo Caixa de Fósforo, sem nenhuma identificação com as linhas arquitetônicas originais da cidade como um todo. Cada vez mais pareceremos com aquelas cidades sem sal e sem tempero do interior de São Paulo.



Calçadas.



De forma geral a coisa tá feia na maioria das ruas da cidade. Trechos sem calçada é o que mais vemos. E quando tem, uma é diferente da outra, sem nenhyum padrão. Cada proprietário faz do jeito que quer. As que são de responsabilidade do Poder Público, são um remendo só. Esteticamente sofríveis. Estamos caminhando para o definitivo "enfeiamento" da cidade. Alguém da prefeitura responsável por essa área deveria fazer uma visita no bairro Vila Hauer de Curitiba e ver nas principais vias o que fizeram por lá. Padronização geral, desníveis para cadeirantes. Uma beleza. Coisa de primeiro mundo. Enuqanto aqui, caminhamos para o terceiro mundo.

Irritante.



Mas o que mais irrita são os buracos abertos e não fechados nas ruas da cidade. Algumas parecem queijo suíço. Bom para as autopeças que vendem suspensão e amortecedores. Nas vias que ainda são de chão, aquela antiga piadinha já sem graça, que diz que até nos barrancos tem buraco esperando na fila pra entrar na estrada, parece uma coisa real. Estou desanimado com todas essas coisas.



Novo acesso.



Está previso um novo acesso de Oxford para o centro, que faria com quem venha de Oxford em direção à Vila Centenário, não precisasse passar pelo centro. Não vi o projeto e nem se já existe. Mas adoraria ver algo de primeiro mundo sendo feito ali. Mas pelo andar da carruagem, estou apostando que será algo meio9 "Xinfrim" mesmo, a exemplo da Av. do Imigrantes.



Transporte Coletivo



Enquanto isso a passagem do transporte coletivo sobe para R$ 2,50. Muita gente revoltada e reclamando. Não uso esse transporte, não posso falar sobre a qualidade dos ônibus, se são bons ou ruins. Mas me ative nesse domingo enquanto dava umas voltas pela cidade, a observar os pontos de ônibus que são colocado à disposição da população. Se acima falei de terceiro mundo, os pontos de ônibus de nossa cidade são de quarto mundo. Tanta precariedade só vi em algumas cidades de Rondônia e Mato Grosso, quando viajava por lá. Comparando-se com Jaraguá do Sul, aqui é o purgatório para os usuários. Comparando-se com Curitiba, estamos já dentro do próprio inferno.



Corupá

Sem dúvida Corupá é uma cidade que ainda conserva todo o seu charme em todos sentidos, a despeito de já lá, existirem algumas construções quadradas e sem charme. Mas o fato é que quando estamos em Corupá, nos sentimos em casa, com a lembrança do que São Bento foi um dia. Cidade simpática e bem cuidada, apesar de seu pequeno tamanho. É o preço do progresso a qualquer custo, a destruição das referências históricas, e o desleixo nos equipamentos públicos já existentes. Lamentável e desanimador.



Coisas Boas.

Pra não falar somente de coisas ruins, a praça Leopoldo Rudnick é um exemplo que devia ser seguido nos vários bairros da cidade. Vejo sempre por lá, o povo utilizando aqueles equipamentos. Apesar de ser o bairro mais populoso de São Bento, Serra Alta não conta com nenhum equipamento de lazer para a população. As coisas arrastam-se como lesmas. Nunca vi uma obra tão demorada como a prometida praça em Serra Alta.

Twitter



Muita gente já utilizando o Twitter na cidade, é uma ferramenta muito interessante. Mas não serve para quem não tem nada a dizer. É uma ferramenta mais adulta. No último assalto numa fábrica de móveis na estrada Dona Francisca, ficamos sabendo da movimentação quase que no momento em que tudo estava acontecendo. É a internet aproximando as pessoas e as notícias em tempo real. A comunidade de São Bento do Sul, também está “bombando”. Opiniões diferentes no mesmo espaço. Mas pela temperatura dos últimos tópicos, dá pra sentir que as coisas não estão nada boas para os lados da prefeitura. Na minha opinião, a comunicação (ou a falta dela) da Prefeitura com a população é a que vem fazendo mais estragos na atual gestão.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Cenas do Passado

Falecimento

Essa semana tivemos a lamentável notícia do falecimento do Sr. Bento Garcia. Quando pequeno, eu morava na Rua Ambrosius Pfeiffer no centro, e o Sr. Bento na rua de trás. Muito religioso e rigoroso, nós crianças tínhamos certo medo dele. Certa vez um parente próximo dele, estava brincando conosco no quintal de minha casa, todos tínhamos por volta de 7 a 9 anos mais ou menos. Era época natalina. Achamos em um lixo próximo uma lata daquelas de spray de tinta que eram usadas nas decorações natalinas. Como criança tem às vezes algumas idéias de “Jerico”, resolvemos pegar um machado e acertar a lata. O incumbido de dar a machadada fui eu. Os demais, meus irmãos e esse parente próximo do Sr. Bento, tomaram certa distância para observar o golpe na lata. Infelizmente essa distância foi insuficiente para evitar o que ocorreria após desfraldado o golpe na latinha de spray preta. Assim que “machadeei” a lata, um jato de resto de tinta que havia na lata foi exatamente na direção do rosto desse nosso amigo parente do seu Bento Garcia. Quando vi o colega, não acreditei no que havia acontecido. Parecia o Saci Pererê. De branco só víamos o branco dos olhos e os dentes à mostra com o início do choro. Era perto do meio dia. O seu Bento ia chegar a qualquer momento. Como explicaríamos isso para ele? Por sorte minha mãe ouvindo os choros vindos do quintal, deu um auxílio na resolução daquele grande problema. Mandou imediatamente a empregada buscar um litro de gasolina no posto que havia onde hoje é o Breithaupt, e resolveu o problema antes do Sr. Bento chegar.

Contabilidade

O Sr. Bento Garcia era sócio do meu pai e do Sr. Alvaro Weiss na fundação do escritório BENALE, que até hoje funciona em São Bento do Sul, com certeza o mais antigo escritório ainda em funcionamento. Para quem não sabe, foi fundado no início dos anos 60, e com as iniciais dos três sócios criou-se o nome BENALE (BENto-ALvaro-LEonides). No final dos anos 60, os três foram trabalhar nas Indústrias Artefama, onde o Sr. Bento exerceu o cargo de Diretor por alguns anos. Rendo aqui minha homenagem póstuma ao Sr. Bento e transmito daqui minhas condolências aos familiares enlutados.

Micos.

Lembrando acima de episódios do passado e dos contratempos que já tive na vida, lembrei-me agora de um fato ocorrido lá pelos anos de 1982. Tinha eu então 18 anos, e havia passado no concurso do Banco do Brasil e fui lotado para assumir em Foz do Iguaçu. Depois de algumas semanas lá, voltei para visitar a família. Peguei o ônibus da SulAmericana e vim destino a São Bento. Cansado da estafante semana, adormeci no ônibus, vindo a acordar somente na parada de Laranjeiras do Sul, onde todos tinham meia-hora para fazer lanche, ir ao banheiro e esticar as pernas. Ao meu lado vinha um médico simpático e jovem que também foi trabalhar em Foz do Iguaçu. Já no início da viagem, com o calor que fazia, tirei os meus sapatos e os deixei no cantinho do banco na parte de baixo. Chegando em Laranjeiras, muito naturalmente calcei o par de sapatos e desci do ônibus. O médico continuou dormindo no seu banco.

Bicolor

Pedi uma coxinha, um café com leite, e tranquilamente estava comendo o quitute, mas já havia reparado que me olhavam de modo estranho. Em seguida vi um casal rindo e olhando em minha direção. Incomodado, percebi que a coisa era comigo. A primeira coisa que veio pela cabeça que o zipper estava aberto ou coisa assim. Olhei e tudo em ordem. Mas quando olho mais pra baixo, vejo que calçava um pé de sapato preto e o outro branco (do médico). Imediatamente abandonei a coxinha e a coca e voltei correndo para o ônibus. Chegando lá, o médico agachado entre os bancos procurando o outro pé de sapato branco dele. Pedi mil e quinhentas desculpas, e devolvi o pé de sapato para ele, quando finalmente ambos pudemos fazer o lanche.

Brincadeiras da infância.

Ainda lembrando do passado, lembrei-me agora de uma brincadeira que fazíamos muito na vizinhança. A Dona Loly Mayer, esposa do saudoso e finado Blasius Mayer, que também era meu vizinho, tinha uma loja de brinquedos na Avenida Argolo. Ela recebia a mercadortia e sobravam aquelas enormes caixas de papelão. Aguardávamos ansiosos quando um caminhão vinha descarregar os brinquedos. Não pelos brinquedos, mas pela utilização que dávamos às caixas de papelão. Juntavam-se uns 6 a 7 vizinhos e de caixa de papelão em punho, subíamos um pequeno morro que existia por ali. Entrávamos todos na caixa, a fechávamos, e deixávamos ela rolar morro abaixo. Fazíamos o percurso morro abaixo tantas vezes quantas a caixa agüentava. A sensação era única. Um verdadeiro capotamento sem controle no escuro. Hoje não deixaria meu filho fazer esse tipo de brincadeira. A não ser escondido, como fazíamos.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Saúde é para poucos

Mais um caso mal contado no atendimento a uma enfermeira que veio a óbito, com uma simples torção do joelho. Nessas horas vêm a tona diversas versões, muitas fantasiosas. A vizinhança então se alvoroça. O fato é que está muito mal explicada a circunstâncias que levaram à morte da enfermeira. Mal atendimento do hospital?, negligência médica?, uma simples fatalidade?. O fato é que qualquer que seja a verdade, o povo anda descontente com o sistema de saúde da cidade. Eu particularmente vi esses dias uma equipe indo na casa de um senhor de idade medir a pressão, e acompanhar o estado de saúde do cidadão. Isso há anos atrás era impensável. É a tal de medicina preventiva que realmente funciona muito bem. Parece que o problema está concentrado na qualidade do atendimento às emergências.

Bastidores

Há muito burburinho à boca pequena quanto à qualidade desses atendimentos. É claro que o povo exagera bastante, ao falar sem exato conhecimento de causa. Mas o fato é que os comentários depreciativos existem, isso é fato, se são eles consistentes ou não, não posso afirmar. Mas já presenciei cenas que no mínimo me deixaram incomodado. Todo médico na sua formatura faz o juramento hipocrático, onde promete zelar pelos doentes da melhor forma possível, com ou sem remuneração, e outras coisitas mais. O último médico que vi que realmente cumpria, portava-se e dedicava-se à profissão de médico, de uma forma verdadeiramente vocacional foi o falecido Dr. Figueiredo aqui de São Bento.

Médicos do futuro

Lamentavelmente, vimos essa semana na TV, notícias de trotes praticados contra calouros de medicina em algumas universidades do país. Selvageria, desrespeito, sacanagem, babaquice pra dizer o mínimo. Pois esses serão os médicos do futuro. Quem sabe alguns dos atuais, não cometeram esses mesmos atos no passado? Eu queria saber verdadeiramente o que está acontecendo com essa classe profissional. Não vemos mais médicos ao estilo do Dr. Figueiredo. Poucos participam da comunidade ativamente, prestando serviços comunitários, seja através da política ou clubes de serviço. A maioria isola-se da comunidade. Cumpre seu horário rigorosamente conforme o contrato. Se o contrato reza que ele é obrigado a dar 12 consultas por dia, uma décima-terceira consulta, mesmo que o 13º paciente esteja com algum quadro de saúde preocupante é carta fora do baralho.

Universidade

Não posso cogitar outra hipótese a não ser a de que as Universidades que formam os profissionais médicos devem ter mudado muito o foco do ensinamento. A demanda hoje deve estar muito mais focada em tecnicidades, com a evolução da medicina, o que não é de todo mal. Entretanto a julgar pelos trotes protagonizados por estudantes de medicina, ou comemorações abusivas nas formaturas, havendo inclusive um caso onde os formandos saíram gritando, soltando foguetes (literalmente) dentro de um hospital onde haviam muitos doentes, só posso deduzir que alguma coisa anda muito errada na formação dos futuros médicos. Não seria esses os mesmos que no futuro, esquecem-se do juramento hipocrático, e cometem erros, negligências e outros casos que ouvimos diariamente na televisão?

Respostas:

Não sei a resposta dessas perguntas, mas com certeza uma é o corporativismo existente entre a classe, como há em outras. As investigações feitas pelos CRM’s (Conselho Regional de Medicina) para erros médicos, são extremamente sigilosos e só dão punição se o erro ou negligência é muito flagrante. Da mesma forma essa cadeia de proteção interna ocorre em outras paragens. No judiciário, dificilmente juízes ou agentes judiciários são punidos, na polícia da mesma forma, OAB também. Só são punidos aqueles em que o erro é tão flagrante que não há possibilidade de achar brechas para colocar panos quentes no caso. Essa é uma verdadeira rede de proteção, que infelizmente o povo simples e comum, não tem a sua disposição, nem para defendê-lo e nem para enfrentar de igual para igual quem dispõe dessas redes de proteção.