quarta-feira, 3 de março de 2010

Saúde é para poucos

Mais um caso mal contado no atendimento a uma enfermeira que veio a óbito, com uma simples torção do joelho. Nessas horas vêm a tona diversas versões, muitas fantasiosas. A vizinhança então se alvoroça. O fato é que está muito mal explicada a circunstâncias que levaram à morte da enfermeira. Mal atendimento do hospital?, negligência médica?, uma simples fatalidade?. O fato é que qualquer que seja a verdade, o povo anda descontente com o sistema de saúde da cidade. Eu particularmente vi esses dias uma equipe indo na casa de um senhor de idade medir a pressão, e acompanhar o estado de saúde do cidadão. Isso há anos atrás era impensável. É a tal de medicina preventiva que realmente funciona muito bem. Parece que o problema está concentrado na qualidade do atendimento às emergências.

Bastidores

Há muito burburinho à boca pequena quanto à qualidade desses atendimentos. É claro que o povo exagera bastante, ao falar sem exato conhecimento de causa. Mas o fato é que os comentários depreciativos existem, isso é fato, se são eles consistentes ou não, não posso afirmar. Mas já presenciei cenas que no mínimo me deixaram incomodado. Todo médico na sua formatura faz o juramento hipocrático, onde promete zelar pelos doentes da melhor forma possível, com ou sem remuneração, e outras coisitas mais. O último médico que vi que realmente cumpria, portava-se e dedicava-se à profissão de médico, de uma forma verdadeiramente vocacional foi o falecido Dr. Figueiredo aqui de São Bento.

Médicos do futuro

Lamentavelmente, vimos essa semana na TV, notícias de trotes praticados contra calouros de medicina em algumas universidades do país. Selvageria, desrespeito, sacanagem, babaquice pra dizer o mínimo. Pois esses serão os médicos do futuro. Quem sabe alguns dos atuais, não cometeram esses mesmos atos no passado? Eu queria saber verdadeiramente o que está acontecendo com essa classe profissional. Não vemos mais médicos ao estilo do Dr. Figueiredo. Poucos participam da comunidade ativamente, prestando serviços comunitários, seja através da política ou clubes de serviço. A maioria isola-se da comunidade. Cumpre seu horário rigorosamente conforme o contrato. Se o contrato reza que ele é obrigado a dar 12 consultas por dia, uma décima-terceira consulta, mesmo que o 13º paciente esteja com algum quadro de saúde preocupante é carta fora do baralho.

Universidade

Não posso cogitar outra hipótese a não ser a de que as Universidades que formam os profissionais médicos devem ter mudado muito o foco do ensinamento. A demanda hoje deve estar muito mais focada em tecnicidades, com a evolução da medicina, o que não é de todo mal. Entretanto a julgar pelos trotes protagonizados por estudantes de medicina, ou comemorações abusivas nas formaturas, havendo inclusive um caso onde os formandos saíram gritando, soltando foguetes (literalmente) dentro de um hospital onde haviam muitos doentes, só posso deduzir que alguma coisa anda muito errada na formação dos futuros médicos. Não seria esses os mesmos que no futuro, esquecem-se do juramento hipocrático, e cometem erros, negligências e outros casos que ouvimos diariamente na televisão?

Respostas:

Não sei a resposta dessas perguntas, mas com certeza uma é o corporativismo existente entre a classe, como há em outras. As investigações feitas pelos CRM’s (Conselho Regional de Medicina) para erros médicos, são extremamente sigilosos e só dão punição se o erro ou negligência é muito flagrante. Da mesma forma essa cadeia de proteção interna ocorre em outras paragens. No judiciário, dificilmente juízes ou agentes judiciários são punidos, na polícia da mesma forma, OAB também. Só são punidos aqueles em que o erro é tão flagrante que não há possibilidade de achar brechas para colocar panos quentes no caso. Essa é uma verdadeira rede de proteção, que infelizmente o povo simples e comum, não tem a sua disposição, nem para defendê-lo e nem para enfrentar de igual para igual quem dispõe dessas redes de proteção.

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