quarta-feira, 10 de março de 2010

Cenas do Passado

Falecimento

Essa semana tivemos a lamentável notícia do falecimento do Sr. Bento Garcia. Quando pequeno, eu morava na Rua Ambrosius Pfeiffer no centro, e o Sr. Bento na rua de trás. Muito religioso e rigoroso, nós crianças tínhamos certo medo dele. Certa vez um parente próximo dele, estava brincando conosco no quintal de minha casa, todos tínhamos por volta de 7 a 9 anos mais ou menos. Era época natalina. Achamos em um lixo próximo uma lata daquelas de spray de tinta que eram usadas nas decorações natalinas. Como criança tem às vezes algumas idéias de “Jerico”, resolvemos pegar um machado e acertar a lata. O incumbido de dar a machadada fui eu. Os demais, meus irmãos e esse parente próximo do Sr. Bento, tomaram certa distância para observar o golpe na lata. Infelizmente essa distância foi insuficiente para evitar o que ocorreria após desfraldado o golpe na latinha de spray preta. Assim que “machadeei” a lata, um jato de resto de tinta que havia na lata foi exatamente na direção do rosto desse nosso amigo parente do seu Bento Garcia. Quando vi o colega, não acreditei no que havia acontecido. Parecia o Saci Pererê. De branco só víamos o branco dos olhos e os dentes à mostra com o início do choro. Era perto do meio dia. O seu Bento ia chegar a qualquer momento. Como explicaríamos isso para ele? Por sorte minha mãe ouvindo os choros vindos do quintal, deu um auxílio na resolução daquele grande problema. Mandou imediatamente a empregada buscar um litro de gasolina no posto que havia onde hoje é o Breithaupt, e resolveu o problema antes do Sr. Bento chegar.

Contabilidade

O Sr. Bento Garcia era sócio do meu pai e do Sr. Alvaro Weiss na fundação do escritório BENALE, que até hoje funciona em São Bento do Sul, com certeza o mais antigo escritório ainda em funcionamento. Para quem não sabe, foi fundado no início dos anos 60, e com as iniciais dos três sócios criou-se o nome BENALE (BENto-ALvaro-LEonides). No final dos anos 60, os três foram trabalhar nas Indústrias Artefama, onde o Sr. Bento exerceu o cargo de Diretor por alguns anos. Rendo aqui minha homenagem póstuma ao Sr. Bento e transmito daqui minhas condolências aos familiares enlutados.

Micos.

Lembrando acima de episódios do passado e dos contratempos que já tive na vida, lembrei-me agora de um fato ocorrido lá pelos anos de 1982. Tinha eu então 18 anos, e havia passado no concurso do Banco do Brasil e fui lotado para assumir em Foz do Iguaçu. Depois de algumas semanas lá, voltei para visitar a família. Peguei o ônibus da SulAmericana e vim destino a São Bento. Cansado da estafante semana, adormeci no ônibus, vindo a acordar somente na parada de Laranjeiras do Sul, onde todos tinham meia-hora para fazer lanche, ir ao banheiro e esticar as pernas. Ao meu lado vinha um médico simpático e jovem que também foi trabalhar em Foz do Iguaçu. Já no início da viagem, com o calor que fazia, tirei os meus sapatos e os deixei no cantinho do banco na parte de baixo. Chegando em Laranjeiras, muito naturalmente calcei o par de sapatos e desci do ônibus. O médico continuou dormindo no seu banco.

Bicolor

Pedi uma coxinha, um café com leite, e tranquilamente estava comendo o quitute, mas já havia reparado que me olhavam de modo estranho. Em seguida vi um casal rindo e olhando em minha direção. Incomodado, percebi que a coisa era comigo. A primeira coisa que veio pela cabeça que o zipper estava aberto ou coisa assim. Olhei e tudo em ordem. Mas quando olho mais pra baixo, vejo que calçava um pé de sapato preto e o outro branco (do médico). Imediatamente abandonei a coxinha e a coca e voltei correndo para o ônibus. Chegando lá, o médico agachado entre os bancos procurando o outro pé de sapato branco dele. Pedi mil e quinhentas desculpas, e devolvi o pé de sapato para ele, quando finalmente ambos pudemos fazer o lanche.

Brincadeiras da infância.

Ainda lembrando do passado, lembrei-me agora de uma brincadeira que fazíamos muito na vizinhança. A Dona Loly Mayer, esposa do saudoso e finado Blasius Mayer, que também era meu vizinho, tinha uma loja de brinquedos na Avenida Argolo. Ela recebia a mercadortia e sobravam aquelas enormes caixas de papelão. Aguardávamos ansiosos quando um caminhão vinha descarregar os brinquedos. Não pelos brinquedos, mas pela utilização que dávamos às caixas de papelão. Juntavam-se uns 6 a 7 vizinhos e de caixa de papelão em punho, subíamos um pequeno morro que existia por ali. Entrávamos todos na caixa, a fechávamos, e deixávamos ela rolar morro abaixo. Fazíamos o percurso morro abaixo tantas vezes quantas a caixa agüentava. A sensação era única. Um verdadeiro capotamento sem controle no escuro. Hoje não deixaria meu filho fazer esse tipo de brincadeira. A não ser escondido, como fazíamos.

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