terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Depois dos 40 anos.

Está na moda prever penas para preconceitos. Na legislação brasileira já estão previstas penas contra preconceito racial, religioso, gênero sexual (não pode haver restrição de empregos masculinos e femininos) e contra a homofobia.
A próxima onda de ataque com criação de legislação específica será contra o preconceito de idade. Existe já, no Congresso Nacional projeto de lei do deputado Wladimir Costa (PMDB-PA), que tipifica o preconceito de idade como crime, a ser punido da mesma forma que a discriminação de raça, cor, etnia e religião.
Alega ele “ser cada vez mais comum a demissão de pessoas com a capacidade produtiva ainda bastante elevada, apenas em razão da idade.”, acrescenta:, “"Muitas vezes, a pessoa apenas já não é mais jovem, sem contudo ser idosa, e não consegue colocação no mercado de trabalho; outras vezes, por puro preconceito, comete-se qualquer outro ato contra pessoas mais velhas".
Escolhi esse tema hoje, em função de ter lido no domingo coluna de articulista do jornal A Notícia de Joinville, apresentando projeções sobre a composição etária prevista para o povo brasileiro dentro de 30 a 50 anos. Com dados do IBGE, é previsto que no ano 2050 mais de 50% da população será composta de pessoas com mais de 50 anos de idade.
Sou nascido em 1964, e lembro que com meus tenros 10 anos de idade, já observava algumas coisas sobre costumes. Homens com 40 anos na época, eram considerados velhos, não somente para mim com apenas 10 anos, mas pela sociedade. Pois vestiam-se como tal (chapéus, calças de tergal feitas em alfaiate, etc...) em nada diferenciavam-se dos que já naquela época alcançavam os seus 70 80 anos. Acima de 40 era idoso e ponto. Mas ao mesmo tempo surgia uma geração que tinha então 20-30 anos que usava calça jeans, ouvia Beatles e Rolling Stones. Quando esses alcançaram seus 40 anos não usavam mais a indumentária “idosa”.
Com 44 anos de idade era possível aposentar-se há cerca 10 anos atrás, desde que tivesse iniciado o pagamento ao antigo INPS aos 14 anos.
Hoje, ano de 2010, estamos vivendo uma fase de transição para a nova realidade, onde a pirâmide etária deixará de ser uma pirâmide, e os jovens e crianças não serão mais a maioria.
Ora, isso mudará tudo no modo como serão as relações sociais e econômicas na sociedade do futuro.
Muitos padrões que vivemos hoje serão totalmente ultrapassados e obsoletos. Falo de tudo: questões morais, éticas, até o modo como é feita a televisão, música e propagandas.
Há menos de 20 anos atrás era uma atração curiosa e gerava muitos comentários um senhor de 60 anos montado numa Harley Davison 1000 cilindradas e na garupa uma jovem e estonteante loira. Hoje a cena é tão comum e banal que ninguém mais dá bola, pelo menos nas cidades acima de 150 mil habitantes. Em cidades menores como a nossa, essas coisas ainda causam muito burburinho e protestos dos mais conservadores.
Via de regra sou totalmente contra qualquer interferência do estado na vida particular das pessoas. Mas isso está virando moda. O estado através de leis formuladas e inventadas por Deputados que afinal precisam fazer alguma coisa, para justificar os seus salários, desandam a apresentar leis e mais leis. Agora mesmo ouvi uma outra proposta que condena o amante a pagar indenização para o corno(a). Isso tudo acontece lá em Brasília.
Voltando à lei da proibição de discriminação por idade, acho inócua uma lei de tal teor, pois em menos de 20 anos ou se dá emprego para o pessoal acima de 40 anos, ou não se acharão jovens suficientes para atender a demanda.
Seremos um país muito parecido com a Europa, onde na rua, de cada 10 pessoas que você vê, 5 têm mais de 50 anos, 3 entre 20 e 50 e somente 2 crianças ou jovens até 20.
As conseqüências disso no Brasil serão as mesmas que já vemos na Europa, por exemplo: Esqueça contratar uma empregada doméstica, no máximo conseguirá uma diarista que cobrará em valores de hoje cerca de R$ 100,00 a diária. O turismo crescerá vertiginosamente em todos os lugares. Passear será o grande Hobby de todos. A indústria da alimentação mudará, em nome da vida saudável. Complementos alimentares balanceados, estarão entre as vedetes de vendas. A indústria do lazer e cultural experimentará números chineses de crescimento. Bens de consumo voltados ao conforto venderão muito.
De qualquer forma, tudo isso é legal, interessante, mas não se iludam, ainda haverá o sub-mundo. Periferias com violência e muita droga. Provavelmente integrada então por imigrantes bolivianos, paraguaios, peruanos, que verão no Brasil o que até hoje nós víamos nos EUA.

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